Comunicação do médico: reflexos no consultório

O trabalho de comunicação do médico tem características próprias. Sua forma de comunicar-se é ética, baseada na medicina baseada em evidências, priorizando e preservando a relação médico-paciente. A comunicação do médico segue as normas de seus órgãos reguladores.

Esqueça aquela imagem romântica do médico da família, vestido de jaleco branco, estetoscópio no pescoço e maletinha de couro marrom na mão… Hoje, ela apenas é uma referência afetiva. Esta imagem pertence a um tempo passado.

Tempo em que bastava finalizar o curso de Medicina e abrir o consultório, colocando uma placa na frente de casa. Tempo em que o médico era um dos atores sociais de maior relevância em quase todas as sociedades. Tempo em que os conhecimentos científicos eram restritos a determinados grupos.

Hoje, a Medicina tem uma nova cara, marcada pela economia globalizada, pelas diferenças sociais, pelo marketing socialmente responsável e pelos avanços tecnológicos.

A prática médica é influenciada por um novo paciente, que é um consumidor poderoso. E é justamente a transformação do paciente “no consumidor poderoso”, “no cliente que precisa ser fidelizado” um dos fatores primordiais de mudança neste novo cenário social.

A democratização das informações e o maior acesso a conteúdos de cunho científico mudou o nível de exigência do paciente.

Hoje, ele chega ao consultório em busca do “tratamento X, da anestesia Y e do pós-operatório Y e Z”. Novas exigências foram incorporadas à relação consumidor-paciente x médico.

É preciso mais transparência, mais fortalecimento dos relacionamentos interpessoais.

É preciso que o médico avalie a concorrência, o tamanho do mercado. É necessário planejar a sua participação no mercado de saúde, saber qual o seu “share”. É preciso trabalhar cada paciente individualmente.

É necessário estar comprometido com o sucesso e o bem estar do paciente. É preciso fazer com que o paciente perceba que o médico está comprometido com a sua qualidade de vida. São muitas as faces desta nova relação médico-paciente.

Como agir?

Neste mundo moderno e mudado, o médico precisa trabalhar e desenvolver a sua capacidade de comunicação para lidar com mais facilidade com os novos paradigmas sociais.

Apostar na publicidade não resolve para este profissional, pois a propaganda não conscientiza, não cria valores. Anúncios não informam o paciente. O novo consumidor-paciente é levado ao consultório pelo convencimento, pela razão.

Aprimorar e investir na comunicação da clínica, do consultório e na própria comunicação interpessoal influi positivamente neste processo, pois desperta o entendimento do paciente, transmite conceitos e informações adequadas à sociedade, conquista o consumidor-paciente pela consciência.

A mensagem proferida pelo médico não interfere na autonomia do paciente de decidir o que lhe parece mais conveniente e possui, sempre, um caráter de utilidade pública.

Acima de tudo, a comunicação do médico honra o juramento de Hipócrates ao estabelecer uma relação de finalidade entre o exercício da Medicina e os valores consagrados pela ordem jurídica e seus fundamentos morais, como a vida e a integridade das pessoas.

Profissionalizando a comunicação

Não é mais segredo que a imprensa descobriu e cobre muito bem o mercado de saúde. Numa sociedade cada vez mais preocupada com a qualidade de vida, diversas notícias sobre saúde e bem estar inundam as páginas dos jornais, as descobertas científicas ocupam cada vez mais espaço nos veículos de comunicação.

Neste cenário, o médico deve encarar a comunicação como uma aliada. E neste contexto, uma ajuda profissional é sempre bem vinda.

O trabalho da assessoria de marketing para consultórios e clínicas agrega valor à prática da Medicina.

O médico que deseja tornar-se uma referência em sua especialidade precisa aprender a se relacionar com a imprensa, evitando o excesso de exposição, trabalhando com informações da medicina baseada em evidências, não fazendo especulações, suposições, não criando falsas expectativas.

A assessoria de comunicação feita para um profissional da saúde, para uma clínica ou para um hospital é diferente da assessoria prestada a um produto, por exemplo.

A abordagem de um tema científico em forma de texto jornalístico requer cuidados com o conteúdo que será transmitido. A população não tem conhecimento científico suficiente para avaliar a veracidade das informações veiculadas pela imprensa.

Por isso, a divulgação médica, além de estar sujeita a toda regulamentação própria da classe, também deve ser legal e estar de acordo com o Código de Defesa do Consumidor – no caso o paciente – que proíbe o médico de fazer publicidade perigosa à saúde.

Por Márcia Wirth
(reprodução autorizada com créditos)

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